terça-feira, 12 de maio de 2015

Comida

Comer. Um verbo, cinco letras, duas sílabas, que são suaves ao ouvido da gente. Eu particularmente amo comer e devo faze-lo, pois sou um agraciado nesta terra:  o cara que come e nunca engorda – é, mas, deixa a velhice chegar meu camarada!

A comida é tão importante, que dedicamos a ela três horários principais na cena, e mais os pós-créditos e cenas deletadas do filme da vida. É um momento mágico, a hora de comer. Pense nisto: só o processo da preparação do alimento já nos é incrivelmente prazeroso, seja você um chef de cozinha ou um universitário comedor assíduo do Lámen (miojo, para os leigos nesta arte da vida). Há quem diga que o mais alto grau de perfeição numa invenção foi a do miojo. Eu não discordo.

A comida é uma questão filosófica, também. Ou você nunca ouviu a expressão “Você é o que você come?”. E a filosofia da pergunta está em: Se eu como vários tipos de comida com frequência (feijão, arroz, carne, macarrão, salada, sobremesa e um infinito de coisas) eu seria um cara com sérios problemas de personalidade?

A comida é uma questão filosófica, fisiológica, de gosto e influenciadora em todo número, gênero e grau! Teorias me fazem ter o bom humor de crer que o universo é uma enorme panela de sopa com vários ingredientes e que dela somos o pozinho do tempero. Ou, que a Terra é um grande pote, com batatas fritas, enormes pães da Subway e continentes inteiros de sorvete... deu água na boca! Mas, uma coisa é certa, seja ou não uma questão filosófica, praxiológica, fisiológica ou subconsciente, o fato é que todos amamos comer; em várias circunstâncias podemos provar isto, mas, escolhi dois momentos únicos onde o fazemos.
É normal, por exemplo, em um aniversário, sentirmos vontade de comer, pois foi para isto que fomos convidados – ops! Acho que a opção certa, você me diria: ‘vamos para felicitar o aniversariante e demonstrar todo o nosso carinho’, ou não! Você chega no seu banquinho com um pratinho de salgados (rabo de tatu, ‘coxINHAS’ e o bolo da festa, com um copo de Dolly na mão – Simbá ou frevo, se acharem melhor), e seus colegas, com a boca cheia, ainda têm a coragem de dizer em voz alta: ‘Nossa cara, já tá no sexto pratinho!’ e isso te deixa com vergonha, pois você vê uns dois parentes do aniversariante, inclusive a tiazona (vide: crônica ‘Reunião no Olimpo’), o que te deixa com vontade de enfiar a cara no mais profundo do solo até alcançar o centro da Terra. Os ‘parabéns-pra-você-eu-só-vim-pra-comer’, que são típicos desta festa, e exprimem o quanto o(a) aniversariante é mais importante do que a comida que ele(a) está oferecendo.

No churrasco, ensinamos o bode a nadar na Coca-Cola – se preferir ainda, Dolly, Simbá, ou Frevo, tudo bem. Gosto não se discute. – e comemos aquele – de praxe – vinagrete, com uma farofa comprada no primeiro frango assado da área, o arroz e raramente um molho.
‘No churrasco, vamos para comer carne!’ Esta é a declaração de alguém que nunca foi a um churrasco. Nos entupimos de refrigerante, de arroz, de vinagrete, de feijão e ao falarmos de carne, não seja inocente a ponto de ver um bode assado em magníficas condições para ser levado à boca, e sim, pense na boa e antiga linguiça. Ela mesma! Ela tapa o enorme buraco da falta de carne boa e é mais barata do que qualquer outra carne! Sim. Nos entupimos de tudo num churrasco, menos de bodes e bois da vida!

 Ao fim, poderia citar vários lugares, mas, me resta saber que tenho que preparar meu miojo, por isso, vou largar mão deste texto de uma vez, e vou comer. Com licença!

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