segunda-feira, 25 de maio de 2015

No Ônibus

Não existe lugar como o ônibus lotado. Para os leigos no assunto, o ônibus é um transporte coletivo (vulgarmente chamado de ‘lata de sardinhas’, de modo bem justo), que transporta passageiros aos destinos desejados, se, os mesmos conseguirem puxar a cordinha quando for a vez dele, e mesmo quando o fazem, podem correr o extremo risco de descer uns dois pontos depois do desejado - se tudo fosse como desejássemos...
Como disse em minhas palavras, não há lugar como o ônibus lotado. O calor humano, e seus desagradáveis odores, raramente serão tão intensos como neste veículo. Temos nele, uma diversidade de mentes e inteligências que se encontram num mesmo local. Temos a clássica briga pelo assento preferencial, onde um garoto, que mal saiu de suas fraldas molhadas, não quer entregar o lugar para um senhor, que acabou de voltar a elas.
Há os mais diversos clássicos do ônibus, tais como: a galerinha do fundão, que fala muito, mas muito alto mesmo – superam a altura máxima do meu fone de ouvido mesmo num ritmo de rock -, temos uma galera que geralmente conhece o(a) cobrador(a), e que também fala alto! Temos também, aqueles dos quais conhecemos toda sua vida e seu histórico do dia, simplesmente pelo fato de falarem tão alto ao telefone, que nem dormindo não se escuta. São os famosos: “Ei João, mande Maria ir na padaria comprar o pão, porque eu tenho quase nada de dinheiro aqui meu filho. E depois, diga pro sem vergonha do Julinho, que ele vai levar uma ‘pisa’ quando chegar em casa, não é possível, logo hoje que eu fiquei tão doente... É filho, fui tomar um caldinho de mocotó, e tô com uma dor de barriga triste...” E por aí vai!
Não posso deixar de citar, as famosas frases: ‘Fasta aí, fasta’ – qualquer semelhança com algo que você conheça, é porque é exatamente isso! – ‘O pé debaixo é meu’, ‘Paraê motorista!’, ‘Cabe mais ninguém aqui’ (essa última é mentira. Sempre cabe mais um no ônibus), ‘Vão passando lá pra trás pessoal’, ‘Para sua segurança, este veículo só trefega com as portas fechadas’, ‘Troco máximo é 10,00 reais’ – mentira! – ‘O ônibus quebrou pessoal, vamos descer e passar para o outro’ e ‘Essa tarifa é mais do que justa!’ – mentira de novo!

Tem um povo novo agora, que tem umas carteirinhas com cadastro biométrico. Dá uma enrolada pra passar da roleta! Ainda não sei como funciona o negócio, mas vou descobrir um dia qualquer aí. Ah! O ônibus lotado... Não tem lugar igual! Às vezes, estamos tão espremidos, que se você jogasse um agulha dentro do ônibus, ela voltaria. Nós desafiamos a lei da física – quem disse que dois corpos não podem ocupar um mesmo lugar no espaço? Até três corpos conseguem! – e tem dias, que minha mochila passa a ser parte de minha anatomia, de tanto que fica apertado por lá. Sem contar que temos uma real experiência dos Velozes e Furiosos! Cada drift maneiro que eles fazem com os ônibus. E as lombadas? Que maravilha!

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