Zeus – o ‘zé’ - convocou uma reunião em família (o cara
tinha uma família estranha de verdade) e nesta reunião ele tinha o propósito de
falar com os outros acerca de assuntos importantíssimos. Ele estava cansado de
ser o manda chuva, e queria umas férias no Alabama ou no Taiti, para sair do
estresse. Como sabia que todos o achavam o maior chato, e ninguém o atentaria
se aquilo fosse uma reunião, ele os convocou para uma festa, com direito a tudo.
Claro, como disfarce para sua importante reunião. Maldita hora que ele fez
isso!
O primeiro a chegar, claro, foi Dionísio o beberrão da
família, que já chegou perguntando onde estariam os barris de vinho, sem dar
muita atenção ao anfitrião da festa, e provavelmente estaria bêbado antes mesmo
dos outros chegarem. Ele era o tiozão das piadas inúteis como: “o Pavê é ‘pá
vê’ ou ‘pá comê’?”. Hades, a ovelha negra da família - finalmente um trocadilho
que deu certo! – não foi à festa pois era muito antissocial para estas coisas e
preferiu ficar em sua caverna ouvindo System, Slipknot e Avenged Sevenfold.
Apolo, o marombado, chegou com sua manta apertadinha na
região dos braços e tinha um copo de Whey na mão. Era o cara que fazia as minas
do Olimpo babarem. Super afim da Afrodite. Ele era conhecido como o deus garça:
grandão do abdômen para cima e fininho da cintura para baixo.
Logo após, Poseidon, o ‘rasta’, parceiro da galera, o mais
calmo na festa, que veio em todo seu estilo havaiano, com conchas e estrelas do
mar. Um cara maneiro e muitas vezes filósofo. Tinha também a Hera, a tiazona
sem graça e que sempre corta o nosso barato, estava ao lado do maridão que nem
sequer fora notado pelos demais. Pã, o DJ da festa, começou tocando um batidão
para levantar a galera.
Atena, a nerd da família, queria passar no vestibular e
estudava sem parar mesmo. Mas mesmo ela, desistiu dos livros e foi juntar-se ao
grupão, para uma louca dança ao som do Mc. Aí entrou o Hermes, o cara com quem
não dá certo ir numa festa. Ele era explosivo e temperamental demais. O bocão
da família. Comia feito um elefante. Ele pediu uma música eletrônica para o Mc
Pãzinho, que atendeu na hora ao pedido. E foi aí que entraram nossos dois
últimos convidados para a festa: Hefesto e Afrodite, acompanhados do pequeno
Eros, o menino da deusa, e que todos, exceto Hefesto, sabiam não ser filho do
ferreiro - Vai por mim, as pontas de Hefesto eram tão grandes que cortariam a
terra no meio, como uma faca num queijo! O inocente – ‘Sabe de nada!’ –, deixou
sua esposa dançando – com Apolo! –, e foi até Zeus para saudá-lo. Hefesto era
um cara certinho. Embora não desse a mínima para o que Zeus queria, ele achava
certo saudar um anfitrião em sua festa, enquanto ‘Didite’ – era o apelido
carinhoso dele para ela – se insinuava ao Apolo.
Zeus gritou mais de uma vez, pedindo a atenção da galera.
Ninguém lhe deu ouvidos. Cortou o som e uma gritaria se instalou na festa: mil
vaias a Zeus. Ele teve de religar o som, mesmo como o dono da casa. Ninguém
iria prestar atenção nele. Por sorte Hera... Ela se juntou ao grupo, deixando
Zeus sem ninguém. O deus pôs as mãos no rosto: ‘Que ideia estúpida a minha!’ –
se lamentou – ‘Deixa pra lá a reunião. Eu vou dormir. Tenho uma partida de
dominó, de canastra, e umas consultas amanhã e devo descansar. Oh, a idade...’