segunda-feira, 29 de junho de 2015

Anotações de um Medroso

Tenho medo. Tenho medo de avião, de terrorismo, de acidentes.
Tenho medo. Tenho medo de ir ao banco, de andar na rua de noite, acho que também tenho medo de andar de dia. 
Tenho medo. Tenho medo de escuro, de ficar só, de estar acompanhado por muita gente, ou de não ser convidado para as festas. 
Tenho medo. Medo de cães, medo de rio, medo de altura, medo de sapos, medo de barata, e de todo tipo de inseto. Tenho medos incontáveis (pois temo um dia contá-los e descobrir que são muitos). Tenho medo de ter medo. 

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Incógnitas Hiperbolísticas

Posso eu morrer de sede e ainda andar?
Posso eu falar pelos cotovelos, 
se nem tenho neles língua,
pra começar?
Não sei responder
Essas incógnitas hiperbolísticas,
Nem sei como as decifrar.

Somente disso sei dizer:
Não posso morrer
De amores por você,
Se é esse amor 
Que me faz respirar.


segunda-feira, 22 de junho de 2015

Esperança

No cume do monte, sozinho. Eu e meus pensamentos apenas, numa conjunção de desesperança e incerteza do amanhã que me tomavam. Era muito comum, como o é para todos nós humanos, sentir o desespero de não saber o que está por vir, e portanto, esperamos quase sempre o pior das coisas, e das pessoas que nos rodeiam.

As ideias não se fixavam num ponto certo,aliás, nada parecia ter sido correto até esta altura do campeonato entediante e ilógico da vida. Pensei bem, e cheguei a conclusão de que a vida era mesmo esta "história contada por idiotas, cheia de ruído e fúria, que não significa nada no final". Eu nada tinha conquistado de significativo, nada no que me pudesse vangloriar, na verdade, e isto é outra coisa comum a nós humanos.

Mas, olhei para as nuvens, já mais próximas. Descobri que, eu já havia escalado o monte, e que a chuva estava pronta para cair, gostosa e em seu peculiar cheiro, sobre mim. Vi árvores novas, animais a correr pelas matas, e descobri que eu estava profundamente errado sobre tudo que pensava saber. Senti então, a suave brisa que me percorria o corpo e a alma trazendo consigo o suave sentir de esperança de que tudo poderia ser diferente.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Linguagem

Tenho minha linguagem
E meu jeito de ser.
Não sei falar inglês
E ninguém tem nada a ver.

Não sei falar 'Gudi mornin'
E assim a vida vai.
E se me perguntar:
"Do you speak English?"
Eu digo: "É tú e teu pai!"

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Livros

Livros. Mesmo sem saber nadar, mergulho fundo e percorro cada página, como uma criança afoita a procura do leite materno. Como um curioso detetive, procuro com avidez, saber como a história acaba, e ao chegar ao fim, um desejo desesperado de comentar acerca do que li.

Há sim, livros que nos fazem chorar, rir, pensar, imaginar livremente, ou até sentir raiva! E cada um deles possui a função de equilibrar nossos sentimentos, a fim de que tenhamos tudo sob medida. Eles nos cativam, nos enchem de boas lembranças, ou não. E é isso que admiro neles: a capacidade de me prender e de me fazer ir a um mundo completamente diferente deste. Um onde eu possa correr livremente, sem as amarras impostas pela sociedade e seus modos de pensar. Ser eu em minha mais completa forma.

Livros. São muitos os seus personagens, e diversas suas lições a 
nós. Cheguei a detestar Otelo, por sua estupidez e ciúme, a chorar com Jeremias, em suas lamentações, a refletir com Salomão sobre o sentido – ou a falta do mesmo – na vida humana, e a rir dos atos de Nasrudin, o califa. Em diversos momentos, torcia pelos mocinhos, e outrora, pelos vilões das histórias. Falava com personagens de livros, às vezes em voz alta, quando eles haviam errado por certas atitudes, e suspirava aliviado, quando meus favoritos escapavam das sentenças de morte. Socos no ar quando acontecia algo incrível e uns “uhus!” bem altos ao ler das cenas e pontos altos, onde cada personagem mostrava sua força.


Livros. Porém, há um momento em que temos de deixá-los, pois, o 
mundo real nos puxa de volta. Retorno de meus mergulhos nas profundas sabedorias e enredos bem amarrados e fantásticos dos livros. Mas fica uma vontade interminável de me tornar peixe para neles estar sempre mergulhado.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Dia dos ‘Nãomorados’

O amor está no ar
Os presentes, o carinho,
Os abraços confidentes,
Palavras ditas no olhar.

Almas, enfim conectadas
Na alegria do amor eterno
O amado, sua amada...
Sei que é lindo!!
Mas só observo.


segunda-feira, 8 de junho de 2015

'Visagem'

Um dia desses, bastante ensolarado - como o são todos por aqui - eu caminhava pela rua e me encontrei comigo mesmo daqui a uns não tão distantes anos.
Eu era bastante calvo e tinha quase o mesmo porte físico que o atual, exceto por um início de barriga, um volume que se destacava na camisa de uma cor fraca e sem graça. Eu no futuro, uns quarenta, usaria um par de óculos que seria pior do que o atual em grau. Teria também uns fios brancos nos poucos cabelos que me sobrariam e uma barba rala e sem estilo.

Percebi também, que meu eu maior tinha uma cara de resmungão, nunca alegre pelo que fazia, quando fazia. e um ar esnobe numa face cada vez mais preenchida por rugas. Eu não trazia amigos do futuro. Estava sozinho. E foi aí que percebi que o quarentão me olhava e chorava algumas lágrimas que eu sabia que saíam do fundo da alma. Desejei reconfortá-lo. Eu certamente não me permitiria ficar daquela forma. Eu aproveitaria cada segundo, cada oportunidade, desde aquele dia que me encontrei comigo mesmo.
De repente, me peguei caminhando novamente pela rua, mais uma vez sozinho e percebi que a temperatura aumentara bastante. Eu suava debaixo do escaldante sol. Limpei o suor e me lembrei daquilo que vi segundos atrás:
"Que calor! Até estou tendo visagens...". E continuei, como se nada tivesse acontecido.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

No Meio do Caminho (releitura)

No meio do caminho tinha a internet
Tinha a internet no meio do caminho
Tinha a internet
No meio do caminho tinha a internet

Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
(celular, notebook, tablet, sabe como é?)
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha a internet
Tinha a internet no meio do caminho.
Deixei de ir onde ia,
Relaxei e me sentei à vontade
Pra usar dela um pouquinho...
Tinha internet no meio do caminho.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Cansaço

Acordei cansado, levantei cansado, escovei meus dentes cansado, me olhei no espelho e lembrei vagamente de um dos personagens zumbis do Resident Evil. Saí cansado de casa (tava cansado demais para tomar café da manhã), atravessei as ruas cansado, fui trabalhar cansado terminei cansado... Eu estava morrendo de cansaço!
Até escrevendo cansava, por isso o texto pequeno. Era Sábado à noite, eu saí, mas ainda tava cansado!! Voltei para casa cansado, assisti um pouco, mas ainda cansado e dormi por umas 4 (esse quatro é mais curto e divulga o novo 'Quarteto' - quem lê que entenda) horas ainda cansado. Acordei no Domingão (do Faustão) - ou não - cheio de coisas para fazer e então soube que mesmo no Domingo eu tinha trabalho... E continuei cansado, cansado, cansado... repetindo isso até ficar sem saber o significado da palavra...