segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

E.T.

Ele veio pra Terra em missão de reconhecimento. Queria estudar os inimigos para saber como derrotá-los e tinha que apresentar o relatório para o chefe - um cara chato e sem graça que vivia enchendo a santa paciência de todos no longínquo planeta no setor B37X chamado 'Phone Home' - entendedores entenderão...

E foi com a missão e a cara furiosa do chefe que o alienígena andou em meio às sujas - põe sujas - ruas do Brasil - "Porque que tive que vir ao Brasil?", pensou ele "Todos os meus amigos pousam direto nos EUA, isso é injusto!". Ele pôde observar o que acontecia ao seu redor com olhar mais atento depois de ter perdido a lotação que nem sequer esperou por ele. Enquanto chutava latinhas de refrigerante nas ruas, ele pôde ver os panelaços, pedaladas, ser roubado numa rua qualquer, morrer de calor, assistir a programação da TV aberta brasileira - incluindo ele. Sim, o Faustão! - e ser confrontado com a pergunta "Já acabou Jéssica?". O coitado do Arlindo - vou chamar de Arlindo, mas pode chamar de Lindo pois eu perdi o Ar... Não! Sou mais forte que isso... Sou mais forte... - teve que ouvir a piada do pavê e assistir o desfile das escolas de samba no carnaval e tirar a foto da identidade, que é a coisa mais triste que um ser humano pode ter de si próprio.

Ele chorava de tristeza na mesa da lanchonete enquanto do outro lado eu já havia terminado meu café e o encarava com muita compaixão. Levantei do meu assento, fui pra perto dele, pus o braço em volta dos seus ombros enquanto nós dois, agora chorávamos e eu falei: "Calma, calma... vai ficar tudo bem. Nada pior pode lhe acontecer..."



Enquanto isso na pequena TV da lanchonete, passava o BBB16.

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